terça-feira, 30 de setembro de 2008

Personalidade sob o Prisma Psicanalítico II


Dando continuidade ao entendimento da personalidade sob a ótica psicanalítica, é importante enumerarmos, mais uma vez, que as instâncias básicas do segundo aparelho psíquico proposto por Sigmund Freud são Isso, Eu e Supereu. Outro acréscimo importante e que não citei anteriormente é que o primeiro aparelho psíquico proposto por Freud foi Inconsciente (Ics), Pré-Consciente (Pcs) e Consciente (Cs). Sobre o primeiro aparelho psíquico é importante tentarmos conceituá-lo:

Inconsciente - O Ics é um lugar onde se localizam pulsões e desejos, energia libidinal. Faz correlação direta com o Isso do segundo aparelho psíquico.
Pré-Consciente - O Pcs se constitui como uma instância provisória que abriga pensamentos, idéias. Por exemplo, pergunto a você: Com o que você tomou café esta manhã? Você irá recuperar dados e responder. Estes dados estavam no Pcs. Mas existem idéias que mesmo que você se esforce não conseguirá recuperar... Sabe aquela palavra que você fala "está na ponta da língua"? Pois é, ela ficou presa no Pcs e não conseguiu chegar ao Cs.
Consciente - O Cs faz correlação com o Eu do segundo aparelho psíquico. É o agora, onde estou pensando o agora, vendo, sentindo o agora. As idéias e pensamentos que penso raciocinando estão no Cs e vêm do Pcs impulsionados pelo Ics.

Um pergunta importante: para que Freud construiu dois aparelhos psíquicos?
O primeiro serve-nos para entender comportamentos como os que mencionamos acima, mas não é suficiente para explicar comportamentos outros como os psicopatológicos.
Vamos à frente...


Fig. 1


Este esquema simples nos servirá para compreender melhor o primeiro aparelho psíquico e nos dará base para comparações futuras. Note que no Ics existem elementos diferenciados e específicos. No Pcs existem elementos do Ics e do próprio Pcs somados e soltos. Já no Cs existem três elementos: do Ics, do Pcs e o que vem do exterior formando um terceiro elemento no Cs. Há dois componentes que devem ser esclarecidos: a barra de recalque e a linha de censura. A primeira está entre o Ics e o conjunto Pcs e Cs que pode ser chamado de apenas Consciente e serve para impedir que elementos do Ics cheguem ao menos perto do Cs. Assim que esses elementos do Ics (triângulos) chegam ao Pcs podem ou não se ligarem a pensamentos (quadrados). Na medida que se ligam, se modificam e adquirem maior possibilidade de chegar à Consciência. Caso esse novo elemento (triângulo + quadrado) não seja perigoso ao equilíbrio do Eu ele pode passar ao Cs. Mas se ele for perigoso, não irá passar e deixará uma marca que todos nós conhecemos, a angústia.
Por enquanto, nos limitamos a mais teoria para posteriormente entendermos como que se efetua a construção da personalidade...


Até a próxima... Dúvidas? Deixem comentários, enviem textos para publicação, etc. Participe!



João Lins.

Segundo Secretário.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Personalidade sob o Prisma Psicanalítico I


Em primeiro lugar, em nome do Grupo de Estudos Aplicados à Psicologia, peço desculpas pelo tempo sem publicações das discussões. É que estamos nos empenhando para tornar este espaço de diálogo muito mais atrativo e sedutor àqueles que se interessam pelo conhecimento da Ciência Psicológica. Dito isto, retomemos as rédeas de nossa evolução do conhecimento acerca da Personalidade. Para isto, o GEAPsi recorreu à Psicanálise com a finalidade de dar base às reflexões.
Freud nos presenteou com suas reflexões, afora o universo instrumental que a Psicanálise pode dar, os conceitos de Id, Ego e Superego (em português, Isso, Eu e Supereu). Estes, grosso modo, podem ser entendidos da seguinte maneira:

Isso - Instância orgânica basilar, caótica e primeira. Todos humanos nascem, já, com o Isso e o manifestam através das pulsões. É nesta instância que está a energia que impulsiona um comportamento, é lá que está o desejo. O princípio que o regulamenta é o Princípio do Prazer.
Eu - Instância que faz ligação entre as pulsões orgânicas do Isso e a realidade externa. Tem correlação direta com a Consciência. É o Eu, o que normalmente conhecemos de alguém. Por exemplo, normalmente as pessoas me percebem como alguém calmo. Mas manifesto este comportamento devido a pressões internas, do Isso somado ao que a realidade externa exige que eu seja.
Supereu - Esta, é uma introjeção do "não" e do respeito à autoridade, ambos aprendidos com profundidade na infância. Pode ser entendida como a "consciência" que o senso comum atribui. Faz referência ainda ao remorso, arrependimento e sentimentos do gênero, aqueles que podem limitar o comportamento de alguém.
Estas três instâncias, descritas aqui de forma bastante superficial, mas com o empenho de ser o mais claro possível, nos dá a possibilidade de compreender a formação da personalidade de forma mais interessante, pois altamente aplicável. Este trio de conceitos que aclaram a forma como a psique se manifesta, parece-me suficiente para explicar algumas peculiaridades do comportamento humano.

Vejamos as vantagens desta teoria:

  • Leva em conta fatores inatos, orgânicos na formação da psique;

  • Considera, através do Supereu, as vivências afetivas da infância como fatores de alta relevância;

  • Mostra que, apesar de fatores inatos somados ao ambiente, há o Eu que faz a "negociação" para satisfazer o Isso, mas respeitando o Supereu, evidenciando autonomia e responsabilidade nas decisões;

  • Admite que, acontecimentos atuais podem desencadear mudanças extremas no comportamento de um indivíduo.

Estes pontos são o que posso enumerar neste momento, entretanto sei que muitos outros pontos e discussões vão surgir a partir daqui. Fico por aqui, pois esta é somente a primeira parte do entendimento da Personalidade sob a ótica da Psicanálise.



João Lins.

Segundo Secretário

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

"Que pena..." ou "valeu a pena"?¹


Penso que valeu a pena cada momento de luta e conquista que o evento "Ver Psicologia" proporcionou. Quando valorizamos o aprendizado, parece que até os sacrifícios se tornam prazerosos... parece que o amor é uma componente imprescindível na produção intelectual, na construção científica. Arrisco afirmar que em nada teríamos avançado se não houvessem pessoas com amor pelo conhecimento suficiente para levantar esse monumento que é a Ciência. É, pois, assim que, como Segundo Secretário, posso afirmar que para aqueles que se empenharam, se superaram, colocaram as mãos na massa, valeu muito a pena. Foi aprendizado, foi diversão, foi conhecer-se mais, conhecer mais a profissão de psicólogo/psicóloga, conhecer mais os colegas estudantes. Foi acréscimo, sem o mínimo de dúvida! Mas resta algo... há quem tenha que pronunciar a frase "que pena...". Aqueles que, obviamente, não se permitiram manusear a massa do conhecimento, que não aprenderam a amar o conhecer (uma pena...), que não viram possibilidade de se divertir com essa luta prazerosa: Que pena! Fico triste por este lado, mas divirto-me ao saber que cada um segue o caminho que mais condiz com a sua personalidade, com o seu perfil, com o conteúdo de sua psique. Para nós, desejo sucesso em tudo que pormos as mãos, que nosso esforço seja reconhecido, que nosso trabalho seja valorizado... mas que, acima de tudo, façamo-nos por merecer.

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¹Estes termos foram retirados da peça teatral "Culto a Baco", que foi apresentada pelo grupo TRIBO, de Buerarema, Bahia, onde, ao final da apresentação dos atores, a platéia era convocada. Aquele que segurava uma pena deveria recitar um poema, mas antes era necessário responder: "uma pena ou vale a pena?"